ATA DA QUINTA REUNIÃO
ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
27.01.1999.
Aos vinte e sete dias do mês
de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi
realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz e
Paulo Brum, Titulares, e Cyro Martini e Fernando Záchia, Não Titulares. Ainda,
durante a Reunião, compareceram os Vereadores Antonio Losada, Décio Schauren,
Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn e José Valdir, Titulares.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata Declaratória
da Terceira Reunião Ordinária, que foi aprovada, juntamente com as Atas das
Primeira e Segunda Reuniões Ordinárias. À MESA foi encaminhado: pelo Vereador
José Valdir, a Indicação nº 01/99 (Processo nº 133/99). Ainda, foi apregoado o
Ofício nº 42/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, comunicando sua
ausência do Município no dia vinte e sete de janeiro do corrente, para
audiência com o Secretário Executivo do Ministério da Fazenda e com o
Secretário do Tesouro Nacional em Brasília/DF. Também foi apregoado o Memorando
nº 10/99, da Sessão de Registros e Anais deste Legislativo, informando as
assunções, hoje, do Vereador Nereu D'Ávila, em substituição, ao cargo de
Prefeito Municipal de Porto Alegre, e do Vereador Juarez Pinheiro, em
substituição, ao cargo de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e do
Vereador Elói Guimarães à titularidade da Comissão Representativa. Após, por
solicitação do Vereador Juarez Pinheiro, foi realizado um minuto de silêncio
face ao falecimento do Senhor Hélio Ferreira da Silva, pai do Senhor Gerson
Almeida, Secretário Municipal de Saúde e Meio Ambiente. Do EXPEDIENTE constaram:
Ofícios nºs 12, 13, 14, 15, 22, 38, 16, 17, 18, 19 e 20/99, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 39/98, do Vereador Antônio Romualdo Tumelero,
Presidente da Câmara Municipal de Tupanci do Sul/RS; 01/99, do Vereador
Jocelino da Silva, Presidente da Câmara Municipal de São Nicolau/RS; 01/99, do
Vereador Daniel Cuinha Bueno Feio, Presidente da Câmara Municipal de
Glorinha/RS; 01/99, do Vereador Ivo Francisco Pinto, Presidente da Câmara
Municipal de Igrejinha/RS; 01-03/99, do Vereador Marino da Costa, Presidente da
Câmara Municipal de Marques de Souza/RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Luiz Braz referiu-se a dificuldades dos mutuários de casas financiadas pelo
Departamento Municipal de Habitação em efetuar os pagamentos das prestações,
afirmando estar ocorrendo equívocos nos reajustes estipulados para estes
contratos. O Vereador João Dib teceu críticas ao Governador Olívio Dutra e ao
Senhor Tarso Genro pelas posturas tomadas frente ao Governo Federal e discorreu
sobre a necessidade da instituição no País de um patriotismo independente de
ideologias e vínculos partidários, através de atitudes políticas voltadas ao
bem do Brasil. O Vereador Adeli Sell teceu comentários acerca da atual situação
econômica do País, manifestando sua contrariedade à postura política do Governo
Federal diante da crise econômica mundial. Ainda, defendeu posicionamento do PT
ao levantar propostas e debates sobre esse assunto a nível nacional. O Vereador
Fernando Záchia criticou a Secretaria Municipal de Transportes pelo não atendimento
de Pedido de Providências de sua autoria, que solicitava a instalação de
sinaleira na avenida Carlos Gomes, alegando que os interesses da comunidade
porto-alegrense e os seus representantes devem receber maior atenção por parte
do Executivo Municipal. O Vereador Carlos Alberto Garcia registrou o
atendimento da Prefeitura Municipal a Pedido de Providências formulado por Sua
Excelência, que solicitava médico pediatra para atender Posto de Saúde da
comunidade do Beco do Adelar. Afirmou estarem ocorrendo dificuldades no pagamento
do IPTU, solicitando aos Bancos uma reavaliação da forma deste pagamento a fim
de favorecer os cidadãos no cumprimento de seus encargos. O Vereador Isaac
Ainhorn comentou declarações do Senhor Tarso Genro sobre o posicionamento do PT
frente ao Governo Federal, declarando que as oposições devem colaborar e dar
maiores condições de governabilidade ao País. Também, reportou-se ao discurso
do Vereador Fernando Záchia, afirmando que o papel do Vereador não pode ser
desconsiderado pelo Executivo Municipal. O Vereador Cláudio Sebenelo, citando
entrevista do Senhor Hélio Jaguaribe, publicada na revista Veja desta semana,
manifestou-se contrariamente aos posicionamentos adotado pelo PT e pelos
partidos oposicionistas frente à política do Governo Federal, alegando que não
se deve buscar ganhos políticos com a crise econômica que assola vários países.
A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM
DO DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 12/99 (Processo nº 318/99 - Moção de
Apoio ao Sindicalista Luiz Marinho, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC Paulista, pela defesa da categoria contra as demissões promovidas no
setor), de autoria do Vereador Adeli Sell. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli
Sell denunciou a venda de telefones celulares em Cartórios da Capital,
questionando aspectos legais envolvidos no exercício dessa atividade por essas
instituições, e convidou os Senhores Vereadores a debater sobre o assunto. O
Vereador Cláudio Sebenelo referiu-se à variação cambial verificada no Brasil
frente à crise econômica mundial, declarando que o País tem obrigação de saldar
suas dívidas junto ao Fundo Monetário Internacional, bem como os estados
brasileiros com a União. Ainda, propugnou por reformas administrativas que objetivem
atingir o equilíbrio fiscal e econômico do Brasil. O Vereador Eliseu Sabino
manifestou sua preocupação com a falta
de conforto e segurança nos
abrigos das paradas de ônibus urbanos nos bairros de Porto Alegre,
especialmente nas avenidas de longo percurso, solicitando maior proteção aos
usuários de transporte coletivo da Capital. O Vereador Guilherme Barbosa teceu
considerações acerca da situação econômica e política na qual se encontra
inserido o Brasil, declarando observar-se um enfraquecimento da moeda
brasileira e um sucatamento das instituições públicas de educação e saúde.
Também, afirmou inexistir uma política agrícola e industrial e ressaltou que o
Estado do Rio Grande do Sul quer discutir suas dívidas e não se encontra
inadimplente com a União. O Vereador João Dib, reportando ao discurso do Vereador
Fernando Záchia, afirmou a necessidade de respeito mútuo entre os Poderes
Legislativo e Executivo do Município. Teceu críticas às viagens realizadas pelo
Prefeito Raul Pont e à falta de monitoramento de água pelo Departamento Municipal
de Água e Esgoto, salientando a importância do trabalho de análise outrora realizado
pelo Centro de Estudos de Saneamento Básico - CESB. O Vereador Luiz Braz
criticou o Departamento Municipal de Habitação por apresentar aos seus financiados,
para pagamento das prestações referentes à casa própria, valores que constatou
serem superiores aos estipulados contratualmente, solicitando esclarecimentos
aos Vereadores da Bancada do PT sobre tais reajustes. Na ocasião, o Vereador
Adeli Sell formulou Requerimento verbal solicitando cópias dos pronunciamentos
efetuados hoje, pelo Vereador Luiz Braz, o que foi deferido pelo Senhor
Presidente, após a anuência do orador. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Isaac
Ainhorn pronunciou-se sobre a realização anual da procissão de Nossa Senhora de
Navegantes, manifestando sua proposta de retorno da procissão fluvial. Afirmou
que o Município de Porto Alegre tem obrigação de resgatar sua história e
tradição, destacando que a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes integra o
calendário oficial de eventos da cidade. Às onze horas e quarenta e três
minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Juarez
Pinheiro e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do que eu,
Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Queremos comunicar o falecimento do pai
do nosso colega Gerson Almeida, Secretário do Meio Ambiente, ocorrido no dia de
ontem.
Convidamos
todos para fazer um minuto de silêncio.
(Faz-se
um minuto de silêncio.)
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, um dos maiores sonhos de todo brasileiro é possuir sua
casa própria. No caso de Porto Alegre, nós temos o DEMHAB que algum tempo atrás
já conseguiu realizar muitos desses sonhos, fazendo com que muitos dos
brasileiros aqui de Porto Alegre conseguissem o acesso a sua casa própria. Só
que nos tempos atuais as coisas modificaram um pouco, Ver. João Dib, as pessoas
que buscam hoje a casa própria através do DEMHAB começam vivendo um sonho e, de
repente, percebem que estão num grande pesadelo.
As
pessoas que foram comprar a casa própria na Restinga em mil novecentos e
noventa e três, começaram pagando uma prestação de pouco mais de onze reais;
após algum tempo, as pessoas receberam aquele módulo com apenas um
compartimento onde eles fazem sua cozinha, ali podem montar alguma coisa mais
dentro daquele compartimento, e mais um banheiro. E na planta aparecem os
quartos que têm que ser feitos por aquelas pessoas que compram esses módulos.
Só que as pessoas que compraram esses módulos - e eu tenho aqui duas pessoas
representantes desses moradores da Restinga - depois de algum tempo, foram até
o DEMHAB, ali na Av. Princesa Isabel, e foram informadas de que o disquete com
todas as informações havia desaparecido. Com isso, o DEMHAB não tinha mais os
dados e estavam suspensas as prestações. Um ano depois eles voltaram ao DEMHAB
e foram informados, Ver. João Dib, que nesse ano em que eles não pagaram suas
contas, não por culpa deles, mas por culpa do próprio DEMHAB que tinha perdido
o disquete - parece que o DEMHAB virou uma bagunça - que deviam à instituição
mil novecentos e oitenta e três reais e setenta e oito centavos. Alarmados,
disseram que era impossível, já que a prestação era de pouco mais de onze
reais. O DEMHAB corrigiu os dados e chegou a um outro valor - eu tenho aqui
todos os documentos -: mil duzentos e noventa e um reais e quatro centavos.
Baixaram setecentos reais pela reclamação. A dívida passou de mil novecentos e
oitenta e três reais para mil duzentos e noventa e um reais. Isso que a
prestação estava na base de onze reais!
As
pessoas continuaram reclamando, e aqueles que não puderam acompanhar essas
modificações nos números apresentados pelo DEMHAB receberam suas cartas de
despejo. Eu tenho aqui ações de despejo, porque o Departamento tem um corpo de
advogados que age com muita rapidez para colocar as pessoas que estão inadimplentes
na rua. De onze reais, as pessoas se viram, de repente, recebendo carnês para
pagar sessenta e nove reais, ou mais, alarmadas. Eu estou apenas aproveitando o
tempo de Liderança para colocar a bagunça do DEMHAB, para que todos possam aqui
nesta Casa começar a fiscalizar e analisar um pouco mais as ações do DEMHAB.
Alarmadas, essas pessoas começaram a questionar esse valor de um pouco mais de
69 reais: e agora, o que fazer? Cartas de despejo começam a ser expedidas, as
pessoas não podem pagar. Essas pobres pessoas vão ser colocadas para rua assim
como muitos pobres foram colocados para a rua, e esta é a grande política de
participação que faz a nossa administração chamada “popular”.
Continuo
com a história do DEMHAB depois, no período de Comunicações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje,
quero iniciar uma campanha sobre a qual reiteradas vezes vou falar.
Sr.
Presidente Juarez Pinheiro, que preside esta Sessão, “Pense, Brasil”,
Vereadores do Plenário, a cada um eu digo: “Pense, Brasil.” Nós vivemos um
momento de extrema dificuldade e é importante que cada um dos cidadãos
brasileiros coloquem a sua Pátria em primeiro lugar. E patriotismo, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, não tem partido. E por falar em patriotismo vou
ler aqui o que diz Monteiro Lobato sobre patriotismo: “Como anda esta palavra
desviada do verdadeiro sentido! Patriota só o é quem cumpre o seu dever e
trabalha e produz riqueza material ou mental, e funciona como a silenciosa
madrépora na construção econômica e ética do seu país. A esta hora milhões de
verdadeiros patriotas lá estão no eito, porejantes de suor, na faina da limpa e
do plantio. Febrentos de maleita, exaustos pelo amarelão, espezinhados de ácaro
político, lá estão cavando a terra como podem, desajustados de tudo, sem
instrução, sem saúde, sem gozo da mais elementar justiça, estão ‘fazendo’ o
patriotismo, embora desconheçam a palavra pátria”.
E
a campanha que eu quero fazer agora, neste momento de dificuldades na área
econômica, financeira e moral que vive este País, é preciso lembrar em todos os
nossos atos: pense Brasil.
O Dr. Itamar Franco, que foi Presidente da
República e que sabe as responsabilidades que têm um presidente, não pensou
Brasil quando levou ao conhecimento do povo brasileiro e do mundo a sua
moratória. E o Dr. Tarso Fernando Genro, à época, dizia que moratória
unilateral, já prevenindo o Dr. Olívio, era tolice. Mas o Dr. Itamar não pensou
Brasil, pensou Itamar.
Dr.
Itamar, pense Brasil.
O
Dr. Olívio, aqui no Rio Grande do Sul, recuou da moratória, não fez, mas
ingressou em juízo depositando o dinheiro daquilo que deveria pagar. Não pensou
Brasil, pensou Olívio.
E,
na realidade, se ele tinha o dinheiro para depositar, tinha para pagar.
Poderia, parlamentando, e essa é a missão dos políticos, buscar uma nova
solução, mas deixando ao mundo saber que no Brasil as coisas são totalmente
sérias e responsáveis por parte daqueles que dirigem os nossos destinos.
O
Dr. Tarso Fernando, que foi inteligente quando disse que moratória unilateral
era tolice, de repente, não pensou mais Brasil, pensou Tarso Fernando.
E
o Dr. Tarso Fernando propôs a renúncia do Presidente da República num momento
de extrema dificuldade. Imaginem, num fim de governo, quando as coisas se
tornam difíceis. Imaginem num momento de extrema dificuldade que vive o País,
anunciar que o Presidente já não será mais Presidente em breves dias. Quem
comandaria o País? Quem? Dr. Tarso Fernando, pense Brasil.
Senhores
políticos eleitos para os nossos parlamentos municipais, estaduais e federal
pensem Brasil. O Brasil precisa de cada um. Lembrem-se que ninguém é levado a
representar o povo para pensar em si mesmo, mas para pensar no próprio povo.
Portanto,
a cada um dos políticos brasileiros que estejam nos executivos, legislativos,
onde estiverem, digo: pense Brasil! Muito obrigado. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicação de Líder.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, coube
a mim fazer algumas colocações em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
Não poderia ser diferente: vou tratar da crise brutal por que passa a Nação Brasileira.
Meus
caros colegas de Bancada, nós estamos debatendo há muito tempo; e quero lembrar
o conjunto dos Vereadores de que nas eleições do ano passado, Luís Inácio Lula
da Silva e Leonel Brizola diziam, sistematicamente, apesar dos meios de
comunicação tentarem desconhecer, que tínhamos um projeto de Nação, que
tínhamos uma proposta para a crise, e dizíamos que era necessário discutir a
questão da equiparação do dólar com o real, ou seja, a questão do câmbio.
Mas
é evidente que naquele momento, por se tratar de uma disputa eleitoral, o
Presidente candidato fugiu desse debate, e dizia que o País entraria num
processo de profunda crise, porque nós acabaríamos com o câmbio, tomaríamos
medidas que fariam com que a inflação voltasse.
Nossa
proposta: desenvolvimento com aplicação do dinheiro em investimentos na
produção; criação de um mercado de consumo de massas; controle absoluto sobre
os juros.
Mas
exatamente o contrário faz o Governo Fernando Henrique Cardoso em relação ao
“eu penso o Brasil, nós pensamos o Brasil”: “Nós não somos responsáveis por
essa crise”.
O
Brasil que devia 369 bilhões de dólares da dívida externa, na semana passada!
Claro que, em dólares, continua devendo a mesma coisa. No entanto, agora, são
setecentos bilhões de reais. A dívida dobrou. Essa dívida é impagável. Não se
pode, hoje, aceitar qualquer pacto com a política de Fernando Henrique Cardoso.
Aceitar o pacto de Fernando Henrique Cardoso é aceitar o aumento do desemprego,
é aceitar o fim do processo produtivo, é incentivar a política do Fundo
Monetário Internacional.
O
Ministro Malan governou o Brasil durante cinco dias, diretamente dos Estados
Unidos, com um telefone celular, a mando do Fundo Monetário Internacional. Essa
é a nossa triste realidade: não existe governo. Ou pelo menos, para não parecer
prepotente eu diria: por uma semana Fernando Henrique não governou. Fomos
governados, Ver. Luiz Braz, pelo Fundo Monetário Internacional. Essa que é a
triste realidade que temos que debater. Nós pensamos o Brasil, porque temos um projeto
de inclusão social, que é de trazer de volta para o mercado de consumo, para
agricultura, para a produção, trinta por cento da população brasileira que foi
excluída.
Ver.
Guilherme Barbosa, Líder da nossa Bancada, a situação é muito difícil. Vereador,
o Brasil quebrou e o Presidente não avisou. Nós avisamos durante a campanha
eleitoral, em 1998, durante os meses de agosto e setembro. O Presidente
candidato fugiu do debate, como fugiu agora das suas responsabilidades. E nós
temos que discutir, sim, propostas; a Executiva Nacional do PT se reúne neste
final de semana. E nós podemos, inclusive, conforme as sábias palavras do
Presidente Nacional do PT, José Dirceu, entrar com um processo de
responsabilização civil dirigida ao Presidente da República e ao Sr. Ministro
Pedro Malan. O debate de antecipação das eleições seria muito natural se
tivéssemos no Brasil o sistema parlamentarista. Nós não temos, mas não é uma
proposta golpista que levanta o nosso ex-Prefeito. Podemos discordar, podemos
ter outras opiniões, é uma proposta para o debate. Agora a proposta nacional do
PT está clara desde o ano passado: controle dos juros, investimentos na
produção, geração de emprego e renda. Portanto, um mercado de consumo de massa.
Esta
é a posição do Partido dos Trabalhadores, defendida na campanha eleitoral,
defendida pelo companheiro José Dirceu, que se encontra nesta Cidade discutindo
essas questões com o nosso Partido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
perigosamente o ex-Prefeito Tarso está fazendo escola.
Mas
vamos falar um pouco de Porto Alegre. Este Vereador, no dia 17 de junho de
1998, fazia, como todos os Vereadores desta Casa fazem, um encaminhamento à
Prefeitura Municipal de um Pedido de Providências. Nesse Pedido, que faço
questão de trazer, anexava 1.200 assinaturas de moradores da região, da
comunidade, que solicitavam que este Vereador fosse um porta-voz para que a
Prefeitura Municipal instalasse uma sinaleira na Av. Carlos Gomes. Já falei
nesta tribuna sobre esse assunto, seria uma sinaleira entre a Nilo Peçanha e a
Protásio Alves, porque nessa distância de mais de um quilômetro não existe
nenhuma opção para que as pessoas possam atravessar a avenida, que tem um
tráfego intenso. Fiz, encaminhei à Prefeitura de Porto Alegre, anexei a
solicitação da comunidade, e insisto nisto, as 1.200 assinaturas das pessoas
pedindo a sinaleira. Este Vereador foi obter a resposta cem dias depois, por
parte do Executivo Municipal, dizendo que não seria possível instalar a
sinaleira, pois o projeto consiste em implantar binário entre a Rua João
Caetano e a Rua Luiz Manoel Gonzaga, com semáforo nos cruzamentos com a Av. Carlos
Gomes. Essa proposta será implantada com a III Perimetral e que, segundo o
cronograma, a execução desse trecho está prevista para o final do ano 2000.
Imaginando que o cronograma estivesse atualizado e estivesse sendo cumprido
rigorosamente, e sabemos que não está, a implantação da obra seria prevista
para o final do ano 2000. Ocorre que, nesse meio tempo, infelizmente faleceu
uma pessoa na frente do número mil duzentos e poucos, da Av. Carlos Gomes,
porque foi atropelada exatamente no ponto crítico, onde existem edifícios
comerciais, de alta intensidade de pessoas que atravessam a Av. Carlos Gomes. E
este Vereador aqui fazia seu pronunciamento, dizendo da importância de se
instalar uma sinaleira para que essas pessoas possam atravessar. Não vamos esperar
que pessoas morram, ou que venham a se ferir para atender aos interesses da
comunidade. Para a grata satisfação dessas mil e duzentas pessoas da comunidade
do entorno, e também deste Vereador, a Prefeitura instalou um semáforo na
sexta-feira passada, sábado já estava funcionando.
Uma nota no Jornal do Comércio diz o seguinte: “Graças à insistência do Ver. Fernando Záchia a SMT resolveu antecipar o dia de “São Nunca” e colocou uma sinaleira para pedestres na Av. Carlos Gomes.” A nota é do jornal. No dia seguinte, também no mesmo jornal, o mesmo colunista, Sr. Fernando, diz o seguinte: “O pai da criança. A SMT discorda do Ver. Fernando Záchia, do PMDB, quanto à paternidade da sinaleira colocada na Av. Carlos Gomes. Pedidos de empresas, das proximidades, levaram a Secretaria a antecipar a sua colocação, mas o projeto mesmo é o binário da Rua Luiz Manuel Gonzaga. Tudo bem, mas a página é testemunha que o Ver. Záchia vem batendo na tecla da Av. Carlos Gomes há horas.”
Não estou discutindo paternidade, estou discutindo a minha obrigação. Fui procurado pela comunidade que me trouxe uma reivindicação, um abaixo-assinado, e eu fiz a função de Vereador, enviei ao Executivo Municipal. Se o Executivo Municipal não cumpriu, não respeitou os direitos e os interesses dessas mil e duzentas pessoas e só foi instalar essa sinaleira - conforme diz o colunista do Jornal do Comércio - “pelos interesses das empresas do entorno”. A verdade é clara: instalou-se, na semana passada, uma agência do Banco de Boston que pressionou a Secretaria Municipal dos Transportes para instalar uma sinaleira, e a sinaleira foi instalada. A Secretaria esqueceu, ignorou o pedido da comunidade, o interesse de mil e duzentas pessoas que fizeram um documento, não ao Ver. Fernando Záchia, este Vereador foi porta-voz, foi o acesso que essas pessoas utilizaram para chegarem ao Executivo Municipal e reivindicarem. Não é este Vereador que, irresponsavelmente, está dizendo que a Prefeitura ignorou os interesses da comunidade e atendeu aos interesses do Banco de Boston, é o próprio funcionário da SMT - não sei quem é- que manda a nota ao Jornal do Comércio dizendo que o Ver. Fernando Záchia não é o “pai da criança”. Jamais quero ser “pai da criança” de alguma coisa em Porto Alegre. Quero cumprir a minha obrigação de trabalhar para o interesse de Porto Alegre. O “pai da criança”, infelizmente, é o Banco de Boston. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra em tempo de Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Apenas eu havia sinalizado a V. Exa. a
minha intenção em me manifestar em tempo de Comunicação de Líder, e esse tempo
tem prioridade, ao que me consta regimentalmente. O Ver. Carlos Alberto Garcia
já estava inscrito. V. Exa. inscreveu-me para o uso da Comunicação de Líder?
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia já havia se
inscrito anteriormente em Comunicação de Líder. V. Exa. é o próximo Vereador
para usar esse tempo disposto no Regimento Interno.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores.
Estamos trazendo primeiramente uma manifestação relativa a um Pedido de
Providências que a comunidade do Beco do Adelar, mais de mil pessoas, havia
solicitado. A comunidade do Beco do Adelar estava sem um pediatra no seu posto
de saúde há três meses. Foi feito um abaixo-assinado com mais de mil
assinaturas. Na semana passada recebemos a informação da Secretaria de Saúde do
Município de que o novo pediatra já estava atendendo nesse posto de saúde.
Portanto,
queremos fazer o inverso do que fez o Ver. Fernando Záchia neste momento.
Queremos comunicar que esse Pedido de Providências foi atendido porque lida com
a saúde e com a vida.
Outra
manifestação é em relação ao IPTU em Porto Alegre. Recebemos inúmeras denúncias
de pessoas que querem fazer o pagamento do seu IPTU e estão com uma série de
dificuldades, porque alguns bancos da nossa Cidade só aceitam o pagamento se a
pessoa for correntista. As lotéricas, que aceitam o IPTU, não estão aceitando
cheques. Mantivemos um contato com a Secretaria da Fazenda, onde nos informaram
que não é a determinação do Município de Porto Alegre. Então, o que nós
gostaríamos de esclarecer neste momento é que a rede bancária revise esta
situação, porque as pessoas querem pagar as suas contribuições, já que o
Município de Porto Alegre está promovendo um desconto até o dia 03 de
fevereiro. A rede bancária está criando uma série de transtornos, ou seja, para
a pessoa pagar o IPTU tem que ser correntista do banco. Se houver um banco do
lado da minha casa e eu quiser pagar o IPTU com cheque, eu não consigo. Se eu
for a qualquer agência lotérica, com cheque, não consigo pagar.
Então,
no nosso entendimento, essas situações dificultam e, hoje, o que se quer é
agilizar o processo em todos os segmentos. Achamos que é descabida esta
situação da rede bancária de Porto Alegre, que não está aceitando o pagamento,
com exceção se a pessoa for correntista. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Também
pretendo ater-me aos temas municipais, apesar de termos uma ampla temática
nacional e que atinge duramente a todos nós brasileiros, hoje, enfrentando a
situação que o País atravessa.
A
situação é extremamente crítica, em que, apesar da vitória ampla nas últimas
eleições do Presidente Fernando Henrique, este mesmo se sente no dever e na
obrigação de buscar o respaldo, buscar um grande pacto nacional, que é a
linguagem que, hoje, se usa. Até então, o Presidente Fernando Henrique Cardoso
se valeu apenas para presidir e governar este País das chamadas medidas
provisórias. Tranqüilamente, as medidas provisórias nada mais são do que os
espúrios decretos-lei da época da ditadura, são muito próximas. Infelizmente, é
uma excrescência que foi criada dentro da Constituição Cidadã de 1988. É um
péssimo precedente que foi aberto dentro da nossa Constituição, é legal, é Constitucional,
mas, infelizmente, é um precedente grave. Neste momento, o Presidente Fernando
Henrique se despe da sua condição imperial e monárquica e busca um diálogo com
todos os setores da oposição, até corretamente, porque não podemos permitir que
o barco afunde.
A
minha visão é de que as oposições, dentro de um clima democrático, devem dar
condições de governabilidade do País. Se depender da oposição, não haverá
dúvidas em auxiliar naquilo que for necessário do ponto do vista dos interesses
nacionais.
Mas
o que passo a me deter, neste momento, mais especificamente, é o fato
registrado aqui pelo Ver. Fernando Záchia. O Ver. Fernando Záchia traz à
discussão a questão da colocação de uma sinaleira na Av. Carlos Gomes.
Infelizmente, no centro dessa discussão é o Pedido de Providências, que
ingressou há muito tempo, solicitando a colocação de uma sinaleira próxima à
Carlos Gomes, uma atividade inerente à ação do Vereador. Mas, de forma
inorgânica e violando a Lei Orgânica, tem-se ignorado esse papel do Vereador na
Cidade de Porto Alegre. Sim, o Vereador na Cidade de Porto Alegre é o elo, é o
elemento de ligação das comunidades com o Poder Executivo Municipal e, até
porque não dizer, Estadual e Federal, porque o Vereador, inegavelmente, é
aquele homem público que está mais próximo das suas comunidades e ele tem que
responder aos pedidos da sua comunidade.
O
próprio Ver. Décio Schauren, homem vinculado à comunidade do Bairro Agrovete ou
da Lomba do Pinheiro, ou o Ver. Juarez Pinheiro, ligado ao Bairro Jardim Ipiranga,
na Zona Norte, recebem, com certeza, inúmeros pleitos e reivindicações e, com
certeza ele não vai poder dizer aos seus eleitores que se dirijam ao Orçamento
Participativo para pleitear.
Volto
a lembrar, didaticamente, sobretudo ao Poder Executivo, que muitas vezes ignora
o preceito legal e constitucional, que esta Casa tem as seguintes funções: as
câmaras de vereadores tem uma função legislativa, uma função fiscalizadora dos
atos do Poder Executivo e a função de interpretar as aspirações e o sentimento
da sua comunidade, levando os pleitos e as suas reivindicações ao Poder
Executivo.
Quando
um vereador critica a atitude da autoridade executiva indo, inclusive, ao
jornal para dizer que não foi ele o autor da implantação da sinaleira, isso é
um desrespeito ao Poder Legislativo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder, pelo PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Brasil
acordou, no último final de semana, dando graças a Deus que chegou o
fim-de-semana para superar a sua crise econômica.
Com
muita satisfação eu li na revista “Veja” desta semana, em suas páginas
amarelas, a entrevista do Sr. Hélio Jaguaribe, conhecido e reconhecido
cientista- político, onde o repórter Ricardo Galupo inicia dizendo que ninguém
pode atribuir ao cientista-político Hélio Jaguaribe, de 75 anos, o pensamento
que a esquerda batizou de neoliberal. Ele não é um neoliberal. Ele é um homem
avançado, um homem de esquerda. O título da entrevista chama-se “Ditadura do
Congresso”, e está sendo ressaltada a frase do cientista político, dizendo:
“Preocupa-me a falta de uma oposição autêntica. A que temos é movida por
raivinha”. Ora, as raivinhas existem, mesmo dentro do PT, embora a imprensa,
imprensa duvidosa, não noticie como fez na convenção, onde não divulgou a
atuação de um principal dirigente que ingressava numa região delicada, esse,
uma das principais figuras partidárias do Partido dos Trabalhadores, noticiada
com fotografias e declarações reticentes, discretas, tolhidas, muitas vezes, em
que o Governador Olívio Dutra ascendeu à condição de então candidato a
governador e, de um outro lado, Tarso Genro, ex-Prefeito de Porto Alegre, de
excelente condição de prestação de serviço a este País, presta, a semelhança de
Itamar Franco, um desserviço, ao propor, de uma forma que não faz jus ao seu
imenso talento e cultura, de uma forma golpista, uma nova eleição no fim de
ano, quando uma crise se abate sobre a Nação e algumas cassandras ficam
extremamente felizes com esta crise, porque ela é própria para faturamentos
políticos e ganhos secundários pessoais. Pois, se de um lado, e falava que,
talvez, a parte do corpo que mais se apresenta dolorida num processo de crise,
não tenha dúvida, como diria o Ministro Delfim Neto, é o cotovelo. E a disputa
de beleza passa pela dor-de-cotovelo! Pois o ex-Prefeito Tarso Genro, depois de
uma declaração não muito feliz, repudiada e, sob certo aspecto, contrariada por
quase cem por cento da imprensa nacional, vai ter que responder a Olívio Dutra
o necessário debate nos moldes em que a dívida do Estado do Rio Grande do Sul
foi negociada. Ele chama de impagável, porque o Estado não teria dinheiro para
pagá-la. Não que a dívida não exista. É como se nós fôssemos ao supermercado e
disséssemos que não iríamos pagar.
Nessa
pequena variação de tempo, 26 dias depois da posse do Sr. Presidente da
República, já existem essas propostas que não são muito sérias. Na verdade,
elas têm um ganho político secundário. Essa atitude, de parte do Dr. Tarso
Genro, não faz jus ao seu talento, e certamente ele não precisa desse tipo de
manobra para permanecer na crista da onda e na mídia política. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à.
Requerimento
nº 12/99, Processo 318/99 de 21/01/99, autor, Ver. Adeli Sell.
Em
discussão. (Pausa.) Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Srs.
Vereadores, este 1º Vice-Presidente, eventualmente, na Presidência desta Casa,
face a assunção do Ver. Nereu D’Ávila, no dia de hoje, no cargo de Prefeito
Municipal, e por ter sido designado ontem como relator do Processo que trata de
uma representação contra eventuais irregularidades praticadas pela Vera.
Annamaria Gularte, tendo que proceder a inúmeras tratativas do sentido da
realização de diligências e da elaboração do relatório, eis que o prazo é
extremamente exíguo, de apenas cinco dias corridos, este Vereador passa a
presidência dos trabalhos ao 2º Vice-Presidente da Casa, Ver. Paulo Brum.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos às
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Nos
anos passado e retrasado, portanto, em dois anos do nosso mandato, nós
levantamos aqui um tema que eu não poderia deixar de voltar a tratar, porque é
de difícil discussão e, sistematicamente, os meios de comunicação não gostam de
tratar sobre ele.
Estamos
tentando, Ver. Luiz Braz, até hoje, descobrir exatamente por que a imprensa não
gosta de falar dos cartórios.
Agora
eu descubro, estarrecido, sobre algo que fui obrigado a fazer um pedido para a
Prefeitura Municipal, buscando a legalidade ou não. Como pode um cartório que,
pela Constituição Pública Federal, é um serviço concedido a uma pessoa e a uma
equipe de pessoas que trabalham com ele - os preços dos cartórios são
determinados pelos Estados -, vender telefones celulares? Isto mesmo que os
senhores estão ouvindo: telefones celulares. Eu tenho todas as provas, Ver.
João Dib, tenho os telefones do cartório, ligamos para esses números, assim
como várias pessoas ligaram, fomos atendidos e perguntamos qual era o endereço.
Nos responderam que era o cartório tal, endereço tal. Pode isso? É legal? Todas
as verificações que eu fiz me dão a convicção, Ver. Décio Schauren, de que é
completamente ilegal. Por isso quero levantar essa questão aqui, fazer esse
debate, e vou procurar todas as medidas cabíveis para que isso não volte a
acontecer, porque, para vender um produto, tem que ter comércio estabelecido,
CGC e pagar ICMS.
Cartório,
pelo que eu sei e estudei, pelo que manda a lei, é uma prestação de serviços.
Então, se algum Vereador tiver discordância, vamos fazer esse debate. Se for o
problema de assinalar, chama-se Farina, eu tenho todos os telefones, já fiz um
ofício para a Prefeitura e eu quero saber por que isso acontece. Não só vendem
linhas telefônicas, tem negociação, fila, compra, como também vendem os
próprios aparelhos.
Então,
este é um debate que temos que fazer, não podemos fugir dele, não quero fugir.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador): O assunto que V. Exa. traz à tribuna é extremamente
relevante. V. Exa. sabe que os cartórios desenvolvem funções de natureza
extrajudiciais e são vinculados ao Poder Judiciário. Conseqüentemente, informo
a V. Exa. que os cartórios, e V. Exa. fez bem em assinalar qual o cartório,
pois, senão, deixaria todas as instituições numa situação delicada, a matéria é
da competência, via representação, da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul, órgão diretamente subordinado ao Presidente do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
O SR. ADELI SELL: Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a
palavra. Ausente. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra. Desiste. O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra no período de Comunicações.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
queria continuar o mesmo assunto que tratava em Comunicação de Líder, a
respeito da ditadura do Congresso Nacional quando se diz que o Presidente da
República usa de medidas provisórias para governar.
Ora,
isso é fundamental, porque o povo brasileiro já está cansado de saber que
estamos inseridos em um contexto mundial, em um contexto onde a tecnologia fez
com que houvesse uma grande necessidade de reformas econômicas, formação de
bloco de países. E estamos, certamente, segundo os cientistas políticos e os
sociólogos mais lidos, caminhando para um governo mundial. Ora, se o FMI é um
órgão que regulamenta e preside o pagamento das dívidas externas dos países, e
o Brasil tem dívidas externas históricas, antigas, fenômenos de acúmulo, com
dívidas que implicam juros e outros acréscimos, certamente, devemos, a esse
FMI, explicações. E toda vez que a variação cambial trouxer uma variação da
dívida, certamente, e, obrigatoriamente, e compulsoriamente, o Brasil terá que
comparecer ao FMI para reacertar suas dívidas. E os governos estaduais devem à
União. Que dívida é essa que os governos estaduais têm para com a União? São
dívidas feitas pelos governos estaduais no exterior, com captação de dinheiro
de bancos do exterior, que cobraram juros, muitas vezes, juros altos, de 15,
16% ao ano. A União pagou essas dívida. Essa dívida se acumulou e o novo credor
deixou de ser o banco do exterior e passou a ser a União. Dessa forma, a União
passa a ser o novo cobrador do Estado. E que maneira encontrou a União para
fazer esse acordo? Através da dilatação dos prazos. E foi feito um acordo de 30
anos, isto é, são 360 meses para se pagar essa dívida, com um juro que, no
máximo, chega a 6% ao ano, menos de 1% ao mês. Pois, essa dívida agora
renegociada, atualizada e paga em dia, inclusive pelo Governo anterior do
Governador Antonio Britto, agora, no primeiro mês, é colocada politicamente,
inteligentemente na Justiça, lá depositada, onde o Governo Federal não pode
lançar mão desse pagamento, é feita inclusive a declaração de que não concorda,
porque não pode pagar.
Ora, disséssemos nós que as nossas dívidas pessoais não pudéssemos pagar! Ora, dissessem as empresas que suas dívidas empresariais não pudessem ser pagas! Se não podem ser pagas, por que foram feitas? E quem é que fez a dívida? Foram os Governos e os Governos são os mesmos, exceto que mudam de quatro em quatro anos de titularidade, mas que continuam com a mesma razão social, continuam com a mesma responsabilidade de pagamento. Depois de se fazer um acordo, um acordo absolutamente favorável aos Estados, um acordo bilateral é agora denunciado como impagável, porque que tem que ser renegociado num momento duro para a nacionalidade? Num momento em que muita gente, sabendo da crise que enfrentamos, e é nos momentos de crise que se conhece os grandes políticos que são ressaltados não pelo seu aparecimento fácil na imprensa, na mídia, com propostas, muitas vezes, que não seriam feitas! Inclusive, ontem, o Presidente do PT dizia que não corroborava e nem assinava embaixo as idéias de Tarso Genro e o Deputado José Genoíno disse, textualmente, que não concordava com a proposta e que o ex-Prefeito Tarso Genro vai ter problemas sérios num debate que terá no mês que vem no Partido dos Trabalhadores, onde ele vai apresentar a proposta, pois o Governador Itamar Franco disse simplesmente que declarava a moratória e que não pagava - e esses foram fatores desencadeantes para o Brasil, “bola da vez”, e já se sabe, inclusive, que a próxima “bola da vez” é a China Continental - e teve a propriedade de ser a enzima catalisadora desta crise que estamos vivendo, e um dos responsáveis é indiscutivelmente o Governador Itamar Franco. Ninguém tem dúvida de que nos contratos de risco que hoje se constitui o capitalismo, nessa grande proposta de viver plenamente em risco, e que a cada crise do sistema capitalista internacional tem um país que terá um sofrimento maior, nós vemos, com muita serenidade, que o governo toma todas as iniciativas, todas as providências necessárias para enfrentar esta crise, e a desvalorização no real não extingue o Plano Real, como gostariam certas “cassandras” da política brasileira, que adoram uma crise para um faturamento eleitoreiro, para uma projeção na mídia brasileira, quando vemos pessoas da maior seriedade, deslocarem o eixo do Executivo para o Congresso Nacional, como o cientista político Hélio Jaguaribe, que, nas páginas amarelas da revista “Veja”, diz: “A posição do Governador de Minas Gerais não é movida por razões administrativas. A moratória tem razões políticas”. Aliás, eu nem diria políticas, foi uma reação com causas psicológicas. E aqui está na entrelinha que a causa psicológica está identificada na pessoa do Governador Itamar Franco, não que ele seja a causa, mas ele é o fator desencadeante de uma estrutura que tem suas debilidades, seus riscos, tem a preocupação permanentemente na manutenção de uma âncora cambial e de uma reserva cambial que faça com que a esvaecência desses bilhões de dólares não se torne a cada mês, a cada ano, um duro processo para a nação brasileira, e isso nós reconhecemos. Agora, qual a outra solução, se é imprescindível para o País incorporar-se a blocos econômicos, fazer a reforma econômica, fazer a reforma de estado e todas as reformas que ainda são necessárias fazer para o equilíbrio fiscal, econômico e para um melhor destino desta nação que já está a merecer, há muito tempo, figurar entre as nações do primeiro mundo? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra. Ausente. o Ver. Décio Schauren. Desiste. O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
aproveito a oportunidade para manifestar uma preocupação deste Vereador que nos
levou a tomar a iniciativa de fazer um Pedido de Providências. Na nossa
caminhada de ida e vinda nos mais diversos bairros pela nossa Cidade tivemos
muita preocupação - creio que esse fato não tem passado despercebido pela nossa
Administração - com relação às paradas de ônibus que servem a região urbana da
nossa Cidade, principalmente no que diz respeito à falta de conforto naquelas
paradas que servem as avenidas de longo percurso - levando-se em consideração a
distância entre o terminal e o Centro da Cidade, bem como a existência ainda de
locais ermos com pouca iluminação e difícil acesso, onde os trabalhadores e
usuários do transportes coletivos ficam expostos às variáveis do nosso clima,
sol, chuva e vento, não tendo como se abrigar adequadamente, causando-lhes
transtornos de saúde e segurança. Na prática, conhecemos essa necessidade,
especialmente naquelas regiões mais retiradas, onde há pessoas que ficam por
tempo mais longo nas paradas - às vezes até uma hora - esperando o seu ônibus à
mercê do tempo. Creio que é importante trazer essa preocupação. Estamos fazendo
esse pedido à nossa Administração através de um Projeto de Lei que venha a
beneficiar essa população que tem carência.
Há
uma nota no jornal “Zero Hora” de hoje que fala sobre aquelas duas paradas de
ônibus próximas ao Supermercado Big, aquela estrutura linda que ali temos, mas
as pessoas que usam aquele supermercado estão sem faixa de segurança, estão
apenas protegidas dos carros por cones colocados nas imediações das avenidas.
As paradas são isoladas. Eu gostaria de chamar a atenção da nossa Administração
para que aquelas duas paradas também tenham esse sistema de proteção. E por que
não ter até um assento naquelas paradas?
Trago
essa preocupação, dizendo que temos caminhado e visto essa grande necessidade
na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, penso
que não há como nós, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, deixarmos de
falar, de comentar, discutir a situação política e econômica do País e que
termina também englobando os encaminhamentos necessários, aqui, no nosso Estado
do Rio Grande do Sul. Muita coisa já se disse e muito me impressiona quando uma
parcela do Governo, uma parcela da imprensa e, como vimos aqui também, alguns
Vereadores querem transformar toda essa situação gravíssima que o nosso País
vive procurando um culpado e esse culpado passou a ser o Governador Itamar
Franco através da declaração da moratória do Estado de Minas Gerais.
Tenho
dito que o Governo Federal, há muito tempo, vinha construindo uma casa na areia
movediça e bastou um certo toque para desequilibrar essa situação e a casa
começou a afundar, e o culpado passou a ser aquele que, de repente, deu um
toque nessa construção em cima do nada ao invés de, de fato, se procurar a
razão verdadeira do acontecido, da situação. Ela está-se mostrando agora, a
mim, uma relação falsa entre a nossa moeda e a moeda americana, altíssimas
taxas de juros. Conseguimos nesse período, quem não enxerga isso, conseguimos
deixar muito mal o nosso setor industrial. As pequenas e médias indústrias do
nosso País, uma grande parcela delas, foi à falência, mesmo as grande empresas
lutam com grande dificuldade. Abrimos as nossas fronteiras econômicas sem
qualquer cuidado, sem qualquer critério. O País que mais protege a sua economia
e a sua indústria está exatamente na América do Norte, os Estados Unidos da
América do Norte, que força, com o seu poderio, que os outros países abram
indiscriminadamente as suas fronteiras, enquanto que as deles ficam fechadas e
protegidas, colocando sobretaxas quando se importam produtos de outros países,
como é o caso dos nossos calçados. Quem não conhece as dificuldades por que
passa a nossa indústria calçadista? Mas nós não protegemos a nossa indústria,
nós não protegemos os setores que precisam de proteção. Não que eu seja a favor
de que haja permanente processo de proteção. Mas, quando o setor está surgindo,
quando ele está crescendo, necessariamente é preciso que nós tenhamos proteção,
sim. E é assim que os outros países fazem.
Há
muito tempo o nosso Partido vem dizendo que é preciso estabelecer regras para
entrada de capital. Nós queremos o capital produtivo, o capital que seja
aplicado na produção e não o capital financeiro, o capital, como se diz,
boêmio, que passa viajando pela noite. Sai correndo, voa e deixa a economia dos
países completamente enfraquecida, como está acontecendo agora. Quantos bilhões
de dólares, só agora em janeiro, já saíram do nosso País. As nossas reservas, no
ano passado, chegaram a cento e sessenta bilhões de dólares. Hoje, não se sabe
exatamente quanto, mas não chega a quarenta, é um pouco mais de trinta. E assim
por diante; é esta a situação do país!
Se
nós voltarmos há quatro anos, nós vamos perceber que o nosso setor de saúde
piorou, que a nossa educação, a situação das nossas Universidade piorou, há
menos recursos para as nossas Universidades. Não há política industrial, como
eu estava me referindo. Não existe política industrial para o nosso País. A agricultura
produz menos ou fica nos mesmos níveis que, como sabemos, são menores,
proporcionalmente, do que a Argentina; a produção por hectare, no país vizinho
é muito maior que o nossa. Então, nós andamos para trás. E, agora, acabou a
âncora do câmbio e nós ficamos à beira do abismo e sem saber o que fazer.
O
nosso governo, na verdade, está em Washington; o nosso governo é o FMI. Nós, da
esquerda, acreditávamos que nunca mais teríamos que ir às ruas para dizer de
novo: “Fora FMI!”
Quando
vem a crise, nós vemos o Ministro Pedro Malan, o Presidente do Banco Central,
Francisco Lopes, irem a Washington explicar o que vamos fazer e perguntar se é
exatamente assim que podemos fazer. O nosso governo hoje é o FMI! E o Governo
Federal, que foi pedir renegociação, refazer as metas que tem que cumprir por
imposição do Fundo Monetário Internacional, não quer renegociar com os Estados
do Brasil, que têm dificuldades enormes em cumprir aquilo que foi acordado no
ano passado.
Sabemos
agora que prefeituras da base de apoio do Governo, estados governados do PSDB,
já começam a falar a mesma coisa que os governadores dos partidos de oposição,
porque é impossível pagar os acordos realizados. Não há como! Ou então terão
que parar de investir na educação, na saúde e assim por diante, nos seus
próprios estados. Não têm como pagar! E aí vem o Governo Federal com uma
atitude indecente, que começou com o Sr. Pedro Parente, mas que teve o
respaldo, posteriormente, do próprio Presidente da República, dedurando o
Estado do Rio Grande do Sul e o de Minas Gerais, inclusive com uma nota
inverídica, porque o Estado do Rio Grande do Sul não está inadimplente. O
Governador Olívio Dutra pagou a parcela que tinha que pagar, pagou na Justiça
sim, porque a própria Justiça o autorizou a pagar em juízo. Portanto, foi uma
nota inverídica. E diz o Ministério que vai dedurar o Estado do Rio Grande do
Sul e o de Minas Gerais!
Felizmente,
nós ouvimos até de partidos da oposição no nosso Estado, ouvimos a voz do
Senador Pedro Simon, ouvimos outros parlamentares, ouvimos o Presidente da
FIERGS, que tem tido postura diferente da nossa no geral da política econômica
do Estado, mas que também trouxe a sua voz dizendo que o Rio Grande do Sul tem
o direito de ir para a Justiça. E se a Justiça autorizou o pagamento assim, é
porque leu, analisou e determinou que fizesse o pagamento dessa forma. Nós
queremos renegociar, para pagarmos de outras formas, porque é impossível pagar
12, 13% no ano que vem. O Estado não terá condições de cumprir esse acordo, que
penaliza, e que sabemos que ainda embutiu a pressão para que seja vendido o
BANRISUL, porque se não vender, em vez de 13% o Estado vai pagar 17%. É uma
forma indireta de pressionar para que se venda o BANRISUL. E isso nós não vamos
fazer! Eu queria trazer essas considerações ao Plenário e à população de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver.
Isaac Ainhorn. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Legislativo Municipal, no entendimento deste Vereador, vive um momento
gravíssimo. Eu sempre digo que o legislador, quando assoma à sua tribuna e
consegue se despersonalizar, para não apresentar os seus anseios e os seus
desejos, mas sim para apresentar os anseios da coletividade, faz com que sua
personalidade cresça. Foi o que fez o Ver. Fernando Záchia. Ele veio a esta
tribuna, trouxe o anseio de uma coletividade, e mostrou a necessidade de
colocar uma sinaleira na Av. Carlos Gomes.
Tudo
muito bem, a sinaleira está lá colocada e eu tenho a absoluta convicção de que
o Ver. Fernando Záchia não está procurando se beneficiar por aquela solução. O
gravíssimo mesmo é que o Poder Público Municipal - o Executivo - agride todas
as vezes o Legislativo.
No
dia quatro de janeiro, desta tribuna, eu dizia que exigia o respeito do
Legislativo para com o Executivo, mas eu também exigia a retribuição desse
respeito.
O
Prefeito, que no mês de janeiro já viaja pela segunda vez, o Vice-Prefeito que
já está ou vai ficar quinze dias fora, parece que não têm outra preocupação a
não ser diminuir o Legislativo. O Vereador pede, mostrando que há anseio da
comunidade, essencial para a segurança da comunidade e das pessoas que precisam
usar consultórios médicos - e quem vai a consultório médico muitas vezes não
tem facilidade de locomoção, precisa atravessar a rua lentamente, não tem como
estacionar. Então, o Vereador, atendendo solicitação da comunidade, ele pede
uma sinaleira. E o Jornal do Comércio, por iniciativa própria, não foi dado
pelo Vereador, diz que a guerra do Vereador chegou a bom termo porque a
sinaleira foi colocada. Deveria ter morrido o assunto aí. Mas vejam a
preocupação do Executivo Municipal em mostrar que Vereador não tem vez, que só
vale o Orçamento Participativo. Foi uma sinaleira pedida pelo Vereador e que a
Secretaria sabia da necessidade e colocou. Mas o Executivo tinha que mostrar
que a Câmara pode ser deixada de lado, que o Vereador não precisa representar a
população, tem Prefeito, tem Secretário - aliás, era muito difícil falar com o
Dr. Bertoto, eu imagino que com o Dr. Mauri Cruz eu vá ter mais acesso. Aquela
Secretaria onde eu fui Secretário por duas vezes, que atendia aos Vereadores
por telefone, porque o Secretário de Transporte, tanto os que me sucederam como
os que me antecederam, sabia que o Vereador representa a coletividade e tem que
ser atendido. Agora, não. Agora tem que mostrar que a Secretaria resolveu
porque queria resolver e que o Vereador não teve participação, apesar de ter
formulado o Pedido de Providências que é a arma que nós, Vereadores, temos.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, enquanto o turismo da Prefeitura funciona - o
Prefeito já viajou duas vezes este mês e o Vice-Prefeito está na Espanha - as
coisas nesta Cidade se deterioram.
Eu
tenho muito carinho pelo DMAE, eu fui seu Diretor duas vezes. O Engenheiro
Alfredo Cestari, na Administração Telmo Thompsom Flores, criou no DMAE o Centro
de Estudo e Saneamento Básico. Esse Centro de Estudo de Saneamento Básico deu
ao DMAE projeção internacional pelos estudos que faziam, pelo monitoramento
permanente das águas do Rio Guaíba, que abastecem a Capital de todos nós
porto-alegrenses.
Quando
Diretor pela segunda vez, eu convidei o Dr. Mário Paulo Nogueira Neto para que
fizesse uma visita ao CESB no DMAE, já que ele havia feito uma leve crítica ao
DMAE - ele era o Secretário do Meio Ambiente Nacional. Eu pedi, ele veio, e
quando terminou a visita ele me disse exatamente o seguinte: “Dib, eu lamento
ter demorado para ter visitado o CESB. Igual o CESB, no Brasil, só a FEEMA no
Rio de Janeiro e o CESTEB em São Paulo”.
Quando
daquele problema do Hermenegildo, o DMAE, através do Centro de e Estudo e
Saneamento Básico, realizou todas as análises. Algumas só poderiam ser
realizadas pelo CESB do DMAE. Fez no anonimato, mas tinha competência para
fazê-lo. Agora a Hidráulica da Lomba do Sabão, de repente, suspende o
funcionamento porque a represa foi tomada por uma quantidade incrível de algas,
e que por falta de competência, por falta de assistência não retiraram aquelas
algas. Não há mais um CESB funcionando para fazer o que deveria ter sido feito,
para avisar que as algas, pelas temperaturas elevadíssimas do mês de dezembro e
janeiro, se multiplicariam com facilidade. Não tinham o CESB. O CESB não tinha
mais interesse. O CESB não funciona mais. Aí nós somos obrigados a ouvir o
Navio “Greenpeace” dizer para nós que o Rio Guaíba tem
metais pesados, tem mercúrio diluído e outras coisas que infernizariam a vida
daqueles que são responsáveis pelo tratamento de água e pelo qual dificilmente
se consegue uma solução. Aquele trabalho extraordinário do DMAE, através do seu
Centro de Estudos de Saneamento Básico, que monitorava mais de cinqüenta pontos
do rio, permanentemente, não existe mais. Não se faz mais, é dinheiro posto
fora. Era muito importante o DMAE cuidar como cuidava da população da Cidade e
da saúde dessa população, mas, agora, não se faz mais. Deixaram de reequipar,
de colocar gente de alto nível: biólogos, químicos, farmacêuticos no CESB, para
que a Cidade pudesse ter tranqüilidade com a água que consome. Vem agora o “Greenpeace”, manda quatro tonéis de
água poluída, segundo eles, eu não vou dizer que sim e nem que não, mas lembro
que o Dr. José Lutzemberger disse que estavam em condições os efluentes da
RIOCELL. Quem terá razão? Se nós tivéssemos o CESB funcionando na sua
plenitude, nós saberíamos. Aquele monitoramento que se fazia permanentemente
deixou de ser feito. Aquela pesquisa e monitoramento dos rios Caí, Sinos,
Gravataí, Jacuí e Taquari, que se fazia desde a nascente até a chegada em Porto
Alegre não se faz mais. A Biblioteca da Câmara Municipal tem, sem dúvida
nenhuma, volumes mostrando todas as condições, todas as qualidades, todos os
problemas que as águas do Guaíba apresentam, inclusive do Arroio Dilúvio, onde
nós vemos oxigênio dissolvido na ordem de sete, que é um valor excelente. O
grande problema das águas do Guaíba são os coliformes fecais, mas nós não temos
doenças endêmicas, não temos problemas que possam preocupar, e no tratamento
que o DMAE faz - que é excelente - os coliformes ficam fora. Agora, metais
pesados, estranho que o DMAE não tenha encontrado e, de repente, existem.
Eu
gostaria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o DMAE restabelecesse o CESB,
desse a ele condições de análise das águas que nós tomamos e usamos, bem como
os nosso filhos e nossos netos. O CESB pode custar alguns reais a mais para o
DMAE, mas eles são muito bem aproveitados pela segurança que dava para a
população porto-alegrense quanto à qualidade da água que é distribuída.
Sr.
Presidente, pense Brasil. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra.
Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, no exercício da
Presidência, Ver. Adeli Sell, Srs. Vereadores.
Eu não tenho nenhuma dúvida de que os Vereadores Adeli Sell, Guilherme Barbosa
e Isaac Ainhorn seriam excelentes deputados. O grande mal é que eles não são
deputados, mas Vereadores. Estes Vereadores que ainda não tiraram a camisa da
campanha, quando concorreram a deputados, insistem em tratar dos temas
nacionais e fecham os olhos aos problemas do Município.
Parece
que o nosso Município não têm problemas. Parece que aqui todos os nossos
munícipes, que vivem realmente naquele que é considerado o melhor dos
municípios brasileiros, não têm problema nenhum, porque esses Vereadores
insistem em não falar dos problemas que acontecem em Porto Alegre. Mas eu vou
lembrá-los aqui de alguns desses problemas.
Por
exemplo, Ver .Isaac Ainhorn, V. Exa., que é um excelente jurista, foi meu
professor de Direito Comercial na Faculdade Ritter dos Reis, Ver. Cleom
Guatimozim, que também é um dos grandes mestres dessa área do Direito, que foi
Presidente desta Casa; imaginem, Srs. Vereadores, que o DEMHAB que virou uma
bagunça, consegue fazer o seguinte: assina um contrato para aqueles adquirentes
da casa própria, ou daquele módulo insignificante, vergonhoso que é vendido
para que as pessoas possam começar, ou tentar morar, que aquelas pessoas possam
pagar essa casa própria, esse módulo em 300 meses. E as pessoas começam a pagar
aquela prestação em 300 meses de acordo com a sua renda.
Só
que num determinado momento, depois daquela palhaçada toda, depois de lá no
DEMHAB informarem que perderam o disquete, de suspenderem o pagamento, depois
de arbitrarem o valor para que as pessoas pudessem pagar o atrasado, de
refazerem esse valor, eles apresentaram outra “papagaiada” tremenda. Imaginem
só V. Exa, aqueles que haviam adquirido a casa própria no DEMHAB para pagar em
300 meses - e quero que algum Vereador do PT, do PDT, Ver. Isaac Ainhorn, venha
explicar isso - de forma unilateral o DEMHAB alterou os contratos, e em vez de
as pessoas pagarem esta casa em 300 meses, eles tiveram reavaliadas as suas
prestações para pagar esta casa em 216 meses. É claro que a prestação subiu,
que aquela equação inicial que possibilitava que o cidadão com uma determinada
renda pagasse a sua casa, essa equação, agora, não tem mais valor. Essa
alteração foi feita sem que houvesse consulta às pessoas que estão no polo mais
fraco da relação, aqueles pobres que foram tentar uma casa, através do DEMHAB,
para poderem morar; que de acordo com a política do PT é um grande privilégio
morar naqueles módulos que eles estão oferecendo, agora, por um preço absurdo,
porque não guardam mais a relação com a renda das famílias que adquiriram esses
imóveis.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Luiz Braz, eu sou engenheiro, mas eu sei que um contrato é um
acordo de duas vontades, para os normais, não para o PT, que determina tudo o
que quer. Veja no caso de dois poderes que deveriam ser independentes e
harmônicos. Aquele Poder Executivo está sempre pretendendo desprestigiar o
Legislativo e assim no caso do contrato dessas pobres pessoas que adquirem
imóveis de 36m2 com dois pavimentos e a escada já toma quatro metros, são
fraudadas nesse tipo de alteração contratual. E o que foi feito das prestações
que já tinham sido pagas?
O SR. LUIZ BRAZ: Olha, eu acho que nem o DEMHAB sabe. Se
nós pegarmos o carnê do IPTU dessas pessoas que compraram o imóvel lá na
Restinga, vamos ver que esses imóveis têm valor venal de 637 reais; é o valor
venal desses imóveis. Aí os Senhores vão ver o seguinte: o absurdo dos valores
das prestações! Para quem tem que pagar um imóvel com o valor venal de 637
reais, temos aqui prestações absurdas. E por isso mesmo eu fiz uma coleta de
dados em alguns imóveis da Restinga. E eu pude ver, Ver. Adeli Sell, V. Exa.
que é um “expert” em política nacional quem sabe V. Exa volta os olhos um pouco
para o Município. V. Exa. que é um excelente Vereador desta Casa quem sabe vai
tentar ajudar essas pessoas, aqui, a resolverem esses problemas, porque nós
temos hoje um nível de inadimplência no DEMHAB que é realmente muito grande. E
essa inadimplência cresce, não por causa dessas pessoas que tentaram comprar
esses imóveis em um determinado momento, mas por causa exatamente da bagunça,
dos critérios ou dos descritérios do próprio DEMHAB.
Infelizmente
acontece tudo isso, e eu tenho provas aqui, e eu gostaria que algum Vereador do
PT pudesse vir aqui e rebater essas acusações, principalmente no que diz
respeito a alteração de contrato. Eu tenho aqui valores das prestações.
Família, por exemplo, que ganha 120 reais com prestação de 50 reais. Eu tenho
aqui, Ver. Isaac Ainhorn. V. Exa., então, está desmentindo os dados que essas
famílias informaram. Eu tenho aqui famílias com 400 reais, pagando 85 reais,
com inadimplência de três anos. A renegociação foi tentada, e a fórmula
apresentada pelo DEMHAB é que deveria ser paga uma prestação atrasada e uma
atual. Só que, se a pessoa não consegue mais pagar, Vereador, como é que vai
pagar a prestação atrasada e mais a atual? É claro que essa pessoa está
condenada a ficar inadimplente e, ficando, vai receber do DEMHAB,
primeiramente, ameaças e, posteriormente, vai receber uma ação de despejo, que
eu também tenho cópia aqui. Não vão me dizer que essas famílias não são
despejadas, pois eu tenho cópia aqui. Eu vim bem documentado, exatamente para
apresentar essa tortura para o cidadão que está procurando comprar o seu
imóvel, que é exercida pelo DEMHAB, que, por causa de seu despreparo, está
fazendo com que essas pessoas passem por momentos de muita angústia. E a grande
angústia que elas vivem no momento é exatamente a seguinte: até quando vamos
permanecer no imóvel que compramos? São pessoas que compraram um módulo, que o
aumentaram, com muitas dificuldades, construindo, às vezes, um dormitório, e
que estão agora em risco de perder essa casa, exatamente por causa de uma ação
de despejo.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Estou muito atento às suas intervenções na Casa, como de costume, e
hoje o Senhor já utilizou duas vezes a tribuna para tratar da mesma questão.
O SR. LUIZ BRAZ: Desculpe-me, eu não queria importunar V.
Exa. com as minhas intervenções da tribuna.
O Sr. Adeli Sell: Não, pelo contrário, eu acho que é um
direito e gostaria de saber inclusive se
V. Exa. pode disponibilizar dessas cópias.
O SR. LUIZ BRAZ: Com prazer, eu sei que V. Exa. é um Vereador bastante trabalhador e
que, quando são passadas cópias para suas mãos, como fiz na Sessão anterior,
elas ganharão mais uma batalha em prol da causa dessas pessoas desvalidas, que
compram casas, através do DEMHAB.
Só
para finalizar, Sr. Presidente, eu tenho aqui, e infelizmente a televisão não
consegue pegar, mas os Vereadores conseguem ver, depois eu passo as
fotografias: aqui é a rua que dá acesso a uma escola, a Escola Pessoa de Brum,
no Núcleo Esperança, faz parte do acesso 1 H, em frente ao Escola Pessoa de
Brum. A rua está completamente alagada, cheia de buracos, esta é a rua
oferecida para as crianças chegarem até a escola. Quando as pessoas pediram um
tratamento para essa rua, receberam aquela resposta que todos os munícipes
recebem quando solicitam alguma coisa à Prefeitura, que devem procurar o
Orçamento Participativo. É um grande absurdo, para que essas crianças tenham um
acesso digno à sua escola devem passar pelo Orçamento Participativo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Requeiro, com a concordância do Ver. Luiz
Braz, as cópias das intervenções de Liderança e, agora, em regime de
Comunicações que oficialmente a Mesa enviasse os pronunciamentos integrais ao
DEMHAB com todas essas questões levantadas, sem entrar no mérito da questão,
para que o DEMHAB pudesse nos responder.
O SR. LUIZ BRAZ: Em outras intervenções eu já respondi que
tudo o que eu disser aqui nesta Casa está liberado por antecipação, jamais vou
guardar algum pronunciamento, todos eles são baseados em dados buscados nas
comunidades.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Adeli Sell a Mesa defere o seu
Requerimento.
O
Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra. Ausente. Ver. Paulo Brum. Desiste. Ver.
Reginaldo Pujol. Ausente. Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no
próximo dia dois de fevereiro realiza-se, como anualmente já é uma tradição da
nossa Cidade, a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes para os Cristãos e Festa
de Iemanjá para aqueles que professam a religião umbandista. Essa procissão se
constitui num evento de natureza religiosa e de presença da cultura na Cidade
de Porto Alegre.
Porto
Alegre tem, na Festa dos Navegantes, um dos seus momentos maiores, tanto do
ponto de vista religioso como também no campo cultural, que guarda a realização
desse evento no dia dois de fevereiro.
No
dia dois, terça-feira, feriado aqui na nossa Cidade, realiza-se a procissão.
Gostaria
de dizer que lamento que já por cerca de dez anos não se realize mais a
procissão via fluvial, desde a tragédia que ocorreu no “réveillon” do dia
trinta e um de dezembro, se não me engano, de 1989, no Rio de Janeiro, onde se
deu a chamada ”tragédia do Bateaux Mouche” na madrugada, em alto mar na parte
adiante da baía de Guanabara.
Quando
presidi esta Casa no ano de 1996, na condição de Prefeito interino, a exemplo
do que ocorre hoje com o Ver. Nereu D’Ávila, que se investiu na condição de
Prefeito da Cidade de Porto Alegre no dia de hoje, em função de compromissos,
fora do Estado, do Prefeito Raul Pont e do Vice-Prefeito Fortunati, quero dizer
que naquele momento fiz um convite àqueles que coordenam a procissão junto à
Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, àquelas pessoas que coordenam esse
importante evento cultural e, sobretudo, religioso - queremos respeitar - e
para manifestar a importância desse evento para a Cidade de Porto Alegre,
retomando aquela procissão pelo Guaíba.
No
entanto, desde aquela época, perseguimos o retorno da procissão fluvial, até
porque outras procissões fluviais são realizadas, e a nossa era uma tradição
centenária na Cidade, que levava a santa, via fluvial, da Igreja do Rosário,
próximo do Cais do Porto em direção
aos Cais do Navegantes, junto à ponte do Guaíba, levava via fluvial. Isso era
um fato extraordinário. No entanto, desde o acontecimento da tragédia do
“Bateaux Mouche”, Porto Alegre não tem mais a sua procissão fluvial. Gostaria,
nesta oportunidade, de manifestar mais uma vez a proposta de resgate da
tradição fluvial na Cidade de Porto Alegre. Penso que as coisas boas da nossa
tradição, da nossa cultura e, por que não dizer, das tradições religiosas das
mais diversas seitas que existem, devem ser resgatadas, assim como tento
resgatar uma tradição que, de forma conservadora, foi assumida na Cidade de
Porto Alegre, que é o fechamento do Mercado Público aos domingos. Porto Alegre
será mais Porto Alegre se fizer a sua procissão de Nossa Senhora dos Navegantes
via fluvial, com aquele acompanhamento maravilhoso que ocorria, com os barcos
sinalizando. Curiosamente, os dias de Nossa Senhora dos Navegantes, dia 2 de
fevereiro, em Porto Alegre são dias, tradicionalmente, ensolarados. Não me
consta um dia de vento ou de chuva no dia 2 de fevereiro. Se houvesse, poderia
até suspender a procissão fluvial. Mas uma visão conservadora, atrasada,
suspendeu a procissão fluvial. Milhares de pessoas acorriam para Porto Alegre
quando da procissão fluvial, elas continuam.
A
procissão de Nossa Senhora dos Navegantes envolve, aqui, na Cidade de Porto
Alegre, aproximadamente 100 mil pessoas. Gostaria que se resgatasse essa
tradição, que esta Casa, através das suas figuras representativas, dos seus
Vereadores, junto à comunidade religiosa que coordena o evento, os festeiros,
da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, gostaria que voltasse a ocorrer a
procissão fluvial. Parece, segundo a história que consta, que a esposa de um
dos festeiros recusa-se a admitir o retorno, porque não gosta da festa fluvial.
Mas não é uma questão individual, é uma questão coletiva da Cidade, da
comunidade organizadora. Essa festa não é uma festa de a, b ou c, ela é uma
festa religiosa e não é só das religiões, é uma festa da Cidade de Porto
Alegre.
A
nossa proposta é de que se pense, junto com o Executivo, o retorno da procissão
fluvial.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, quero parabenizá-lo pela intervenção magnífica,
dizendo que um dos sintomas de afastamento da Cidade do seu rio é,
indiscutivelmente, a abolição da procissão naval. Até os barcos ficaram
famosos, porque eram barcos simbólicos e que deixavam uma marca “sui generis”
na Cidade de Porto Alegre, que era a procissão de Navegantes. E, se houve um
problema no Rio de Janeiro, que se adotem todas as medidas de segurança
adequadas, mas que, jamais, se interfira numa tradição.
Esta
procissão naval de Navegantes está nas nossas raízes, está nos nossos 40 casais
de açorianos que chegaram por este rio magnífico, em procissão. V. Exa. está
tocando num assunto importantíssimo, o resgate desta tradição, desta cultura,
desta festa magnífica, e esta intimidade com o Rio Guaíba tem que ser
resgatada. Meus parabéns!
O SR. ISAAC AINHORN: Muito obrigado, Vereador, porque, quando
eu busco, neste momento, em que dentro de mais alguns dias se realize a
tradicional festividade da Nossa Sra. dos Navegantes, na Cidade de Porto
Alegre, evento religioso, cultural, da nossa Cidade - turístico, até -, eu estou
procurando despertar a consciência da nossa Cidade para o resgate desta sagrada
e pura tradição. E mais, é um exemplo de retomada do rio. Quando construímos a
Avenida Beira Rio, acerca de 10 anos atrás, o objetivo era, sobretudo, Ver.
Cláudio Sebenelo, o encontro da população com o seu rio. E está aí a Av. Beira
Rio como um patrimônio maior da nossa Cidade e que permitiu este reencontro.
Quando olhamos as fotos de Porto Alegre antiga, do ano de 1900, e eu tenho
algumas de edições modernas dessas fotos, nós observamos que o número de barcos
era extraordinário. Quando nós examinamos, hoje, o Atlas Ambiental de Porto
Alegre, a presença dos barcos, infelizmente, é praticamente um registro
histórico, não é mais um registro do presente. Ora, eu penso turismo como
produtor de divisas para a nossa Cidade e como uma extraordinária maravilha que
é esse nosso delta do Guaíba.
Eu
diria que com esse perfil da Cidade, com seu rio, temos uma extraordinária
vocação turística. Ela só não é aproveitada pela falta de sensibilidade dos
nossos homens públicos, dos nossos administradores, em relação ao rio.
Eu
tenho insistido muito nisso e vou continuar batendo nessa tecla, porque entendo
que o reencontro dos porto-alegrenses com seu rio é fundamental para buscarmos
esse novo potencial, também econômico, que a Cidade tem, que é o turismo na
Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente
Reunião.
(Encerra-se a Reunião às 11h43min.)
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